Ex-presidente do Inpe é escolhido um dos dez cientistas do ano pela Nature

O ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão está na lista dos dez cientistas do ano da Nature, uma das mais prestigiosas revistas de ciência do mundo. O anúncio oficial será feito ainda nesta sexta-feira (13).

Em entrevista ao jornal O Globo, o físico comentou sobre a escolha de seu nome pela revista.

“Naturalmente, como brasileiro, me sinto triste pelo motivo da indicação ter sido o fato de o governo não ter cumprido suas obrigações com a preservação da Floresta Amazônica. Por outro lado, fico satisfeito, porque foi um momento difícil decidir o que fazer naquela ocasião, mas entendi que deveria demarcar uma posição firme. Não era apenas a questão do desmatamento, mas um ataque à ciência brasileira. A parte boa é que a reação não só da sociedade brasileira, mas de toda a comunidade internacional, foi enorme. A preservação da Amazônia atraiu interesse do mundo todo e colocou o governo brasileiro em uma posição extremamente constrangedora”, afirmou Galvão.

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“Uma das razões que a Nature” me informou ter me escolhido é que, no momento em que se propagam questões obscurantistas, negacionistas e terraplanistas, tive a coragem de contrariar o governo mostrando a importância da ciência. Ela não pode de forma nenhuma ser atacada. Tenho sempre repetido que todo gestor público, todo líder de um país deveria ter consciência de que, quando se trata de questões científicas, não há autoridade acima da soberania da ciência”, acrescentou o ex-presidente do Inpe.

Galvão foi demitido da chefia do Inpe em agosto pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após divulgar dados oficiais do desmatamento na Floresta Amazônica. Sua demissão causou forte repercussão na comunidade científica brasileira e internacional. Na ocasião, o presidente afirmou que os dados divulgados pelo Inpe eram “mentirosos” e que o cientista poderia estar “a serviço de alguma ONG”.

O anúncio do nome de Galvão se tornará público nesta sexta-feira em meio à participação do Brasil na 25ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25), em Madri, onde os índices de desmatamento anunciados pelo Inpe pesaram contra o tradicional protagonismo que o país exercia na área.