COP 25: Randolfe diz que Brasil se tornou uma “espécie de pária ambiental”

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede), realiza uma série de encontros na COP 25 com ministros de países europeus e organizações internacionais, para tentar viabilizar parcerias para a preservação da Amazônia. Na Conferência do Clima da ONU, que acontece em Madri, o país tem sido cobrado pelo aumento da devastação da floresta.

Desde que chegou à capital espanhola, Randolfe já se reuniu com a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, um conselheiro de florestas tropicais de Emmanuel Macron e ainda vai se encontrar com o governo norueguês, nesta quarta-feira (11). “Tenho mais esperança do que pode sair dos entes subnacionais amazônicos do que com o governo brasileiro, que já sabemos o que esperar: nada”, afirmou Rodrigues, em entrevista o programa RFI Convida.

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O senador disse que ouviu do conselheiro francês a disposição de “apoiar emergências climáticas no Brasil e dialogar diretamente com os Estados brasileiros”. Os presidentes Macron e Jair Bolsonaro trocaram farpas em agosto, quando o desmatamento da Amazônia tomou as manchetes do mundo e levou diversos países a criticarem o Brasil, em especial a França. Em represália, Bolsonaro chegou a recusar uma ajuda financeira de US$ 20 milhões proposta pelos países do G7, que se reuniram na cidade francesa de Biarritz.

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“Contraponto ao governo federal”
“A articulação dos Estados Amazônicos pode representar um contraponto à política do governo brasileiro. Tenho facilitado a possibilidade de negociações diretas com os Estados europeus, organismos internacionais multilaterais”, comentou o senador do Amapá. “O Congresso pode cumprir um papel importante para deter os retrocessos ambientais”, frisou Rodrigues.

O parlamentar também criticou a perda do espaço do Brasil nas negociações climáticas, um tema no qual sempre foi protagonista. “A ausência do país que tem a maior floresta tropical do planeta mostra que o nosso país se tornou, lamentavelmente, uma espécie de pária ambiental. Um país que liderava o mundo na questão do meio ambiente e liderou os termos do Acordo de Paris, e agora sequer tem um stand decente aqui ou alguma coisa a apresentar”, sublinhou. “Quem não tem o que apresentar não terá condições de exigir nada nessa Conferência do Clima, e ainda será cobrado por todo o mundo.”

Rodrigues lamentou que, em plena conferência, em Brasília o governo assine uma medida provisória que autorizará a grilagem, inclusive em reservas legais e áreas de proteção ambiental. “Tão grave quanto, vai abrir, pelo decreto da Reserva Nacional do Cobre, uma área do tamanho da Dinamarca em plena floresta amazônica para atividades de mineração”, observou o senador, que fica em Madri até a quinta-feira (12), véspera do encerramento do evento.

Assista a íntegra da entrevista:


Por RFI